quarta-feira, 22 de julho de 2015

Livros `a mão cheia...


Esses dias com meus/minhas educandxs, senti uma saudade imensa do tempo que fazíamos as atividades escolares extra classe, e era necessário ir nas bibliotecas da cidade. Lembro que até meu inicio na faculdade de Artes, ainda podíamos contar por aqui com três bibliotecas: a da Prefeitura, a da UEFS, que ficava no prédio Solar do Bijú e a do NICSA. Nesses últimos anos vejo com pesar o fechamento de duas bibliotecas, apenas o NICSA sobrevive bravamente e inova com projetos que estimulam a produção de redação aos/`as educandxs do 9o ano ao Ensino Médio, conta também com empréstimo de livros, que na minha época não existia essa política. Evidente que os estudantes contam com o GOOGLE, mas a ultima experiência que tivemos, foi desastrosa , a internet para quem não tem uma noção mínima sobre o conteúdo pesquisado, acaba prejudicando a pesquisa, porque além de superficialidade, contem material mentiroso, literalmente podemos dizer que na web "os livros não são sinceros".
Adorava o atendimento de Dona Raimunda na Biblioteca Pública  Góes Calmon, popularmente chamada por todxs de Biblioteca da Prefeitura, íamos sempre quando o tema estudado era a cultura de Santo Amaro, quantas vezes pesquisamos Isto É Santo Amaro da historiadora Zilda Paim, era apaixonada pelos arcos das janelas, o espaço no Paço Municipal era a cela para os detentos. Nina nos últimos anos de vida, lutou muito para a modernização do espaço, em vida escrevemos um projeto para a fundação Pedro Calmon, na ocasião participamos do edital direcionado `as bibliotecas da Bahia, Nina infelizmente partiu para o outro plano, e a biblioteca acabou, não sei o que foi feito com todos os livros que faziam parte do acervo, o local hoje está vazio e me parece que até o final dessa gestão ficará desta forma, os gestores não são leitores nem educadores, e a própria população não se se interessa por esses espaços ( quem lê acaba desenvolvendo o senso critico, se liberta do cabresto) que lembro xs nossxs professores nos obrigava a ir, hoje as escolas não aconselham estimular xs educandxs a procurar esses lugares.
O Solar do Bijú quando transformado no núcleo de Letras da UEFS continha uma biblioteca mais fechada para xs estudantes, porem com a nossa insistência, o pessoal que trabalhava abria para a pesquisa. Infelizmente não sei qual foi o destino desta biblioteca, ainda que a UFRB tenha "se apossado" deste espaço, depois de disputas inglórias e perseguições atroz entre o atual gestor e funcionários que cuidavam deste espaço. O curso de Letras da UEFS acabou por aqui, o prédio está com uma rachadura enorme que vem de cima para baixo, e que denuncia que em breve pode desabar, como aconteceu no passado. Ainda que o secretário de cultura do estado seja um santoamarense, vemos diariamente o Solar do Bijú adoecer. Li matéria que este local seria destinado para os estudos sobre o chumbo. Quase um ano depois, nem estudo, nem livros `a nossa disposição.
A Fundação José Silveira se mantém com dignidade a todas essas intempéries e modernizações tecnológicas, ainda tem profissionais que nos atendem com muita gentileza, um acervo maravilhoso para pesquisa, e está aberto ao público com ambiente super cuidado, iluminado e lindo.
Santo Amaro não ficou menor, os interesses da juventude não é menor, o que falta é resgate a essa pratica, por mais confortável que seja acessar os conteúdos através dos dispositivos eletrônicos, os livros ainda são um recurso delicioso para o conhecimento, as escolas ainda não os substituíram . Talvez jamais resgataremos aqui na minha cidade o hábito de frequentar as bibliotecas e todas as que fecharam nunca venham a funcionar novamente, e outras não venham a suprir esse deficit.
Mas precisava falar sobre isso, porque sinto profunda tristeza pela gente nova que vive nesta cidade, eles jamais sentirão a emoção de adentrar nesses templos, de ficar no "fuxico" baixinho dentro desses espaços, das discussões para a elaboração e definição das apresentações, da preguiça de fazer cópia (era um porre isso) da vontade de ter sua biblioteca particular, das altas conversas com as funcionárias do espaço, de correr com a pesquisa porque deu a hora de encerrar o expediente. Coisas que me pareciam tão sem importância na época, mas que desejaria muito ver meus filhos e meus/minhas educandxs viverem.
Ficamos pobres, assisto a péssima literatura vigorar não pela aceitação, mas pela adulação aos políticos e campanhas midiáticas exaustivas. Fico feliz quando participo dos projetos da Professora Giseli, fico feliz quando tenho contato com uma juventude que produz um trabalho autoral excelente. Porem, acreditava que no futuro essas manifestações não seriam tão raras, a ponto de denominar como especiais, sonhei que seria algo tão corriqueiro o "fazer arte", infelizmente meu sonho ainda está distante. Bibliotecas fechadas, pessoas desinteressadas, politiqueiros tomando o lugar dos artistas, artistas engessados, ego inflados...Santo Amaro infelizmente se tornou a cidade do já foi e já teve. Estamos de mãos vazias...

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