segunda-feira, 16 de julho de 2012

O inimigo( Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas)


Andei revisitando por esses dias a discografia dos Titãs, um parceiro musical me deu de presente algumas pérolas que havia esquecido e apresentou outras peças raras da contemporaneidade. Sou uma criança dos anos 80, meus primos Luís Fernando e Piço sempre fizeram festinhas na casa do meu tio Hélio e de minha tia Bezinha, na "radiola" sempre rolava as novidades, como Paralamas, Titãs, Ira entre outros grupos até mesmo internacionais como The Smiths,  amava essas festinhas. Lembro que um deles ganhou Cabeça de Dinossauros e Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas.  Adorava a musicalidade e poética rebelde do Titãs. Letras que afrontavam as instituições, uma banda politica, que protestava escrachadamente  com uma inteligência incrível. As performances  e a voz de Arnaldo Antunes que nesta fase, acredito, ainda não ter a identidade assumida do seu tom grave. Grandes músicos, todos compondo e cantando. Evidente que os teclados com seus acordes 80's que odeio com todas as minhas forças, esse sonzinho sampleado e sintético demais. O som do Titãs era salvo pela letras, mesmo quando essas pareciam mantras pela repetição dos refrões.
Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas para mim é um dos grandes álbuns do Sec.XX (apesar do meu filho acabar com a minha vida de gosto estètico) um clássico da Musica Popular Brasileira, um álbum que jamais (na minha ignóbil opinião) perderá validade, uma obra que não envelhece. Numa analise sociológica o que esse album diz continua muito atual, uma composição artística de vanguarda. Comida continua a mais atual, com várias versões, entretanto nenhuma melhor que a deste álbum( para mim) Arnaldo Antunes é a identidade desta canção.
Os meus domingos de vidinha doméstica tem esse álbum como presença sonora constante, meu caçula canta com desenvoltura algumas canções.
O "Inimigo" do Titãs punk, como diz a própria canção, talvez tenha sido um sistema de super pop's e hamônicos chicletinhos, como a chatinha Epitáfio. Quem viveu neste país e acompanhou como eu, uma galera emergir com canções de pouca musicalidade e muita poesia, entende como é infeliz ver os Titãs e suas canções para namorados em festa de camisa.
Como anacrônica que sou, minha saudade do rock nacional ou da rebeldia nas canções, não surge com a celebração desse tal dia do Rock que andei vendo nas redes sociais, afirmo que como diz o poeta da minha Terra, assim como o "samba ainda não nasceiu", o Rock deve ter suicidado, perdeu seu sentido politico de cuspir na cara dos caretas. O que vejo hoje, são pessoas desesperadas com seus sentimentos de classe e indivdualismo, quero salientar que nunca fui Rock'n rool, apenas uma amante da poesia(cafona). Aprendo mais com meu filho mais velho sobre o contexto, porque o que me umidece a razão, ainda é a inquietação da composição.
Tenho saudades de tudo que era, o tempo tem desta, mas ninguem que seja minha/meu contemporanea/o há de negar que vivemos num contexto artístico muito chato, com seus visuais branquinhos de ingleses "hipster"
"Às vezes tenho razão, às vezes não" isso não me preocupa, a razão como o Rock morreu!

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