sexta-feira, 30 de julho de 2010

1º ponto de Rosário


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Rosário nasceu na área metropolitana da Bahia, filho de funcionários públicos, estudou em escolas particulares, sempre teve boas notas, cresceu  apelidado de  Cravo Roxo, pois a pele era muito negro, aquela pele de chegar  alumiá de tão negra. Bonito com seus bem distribuídos 1,90m. Adora os filmes de Bruce Lee, Van Dame e Stallonne, sua adolescência foi treinando as coreografias desse povo, defronte ao espelho do guarda roupa. Destacou-se como grande carateca na sua cidade, deu aulas na academia de Caratê Por-do-sol Oriental. Cursou uma Universidade Estadual . formou-se em contábeis, foi aprovado em concurso publico para Policia Militar da Bahia. Não que fosse seu maior sonho, mas logo se viu encantado por aquele universo de "justiça"
Rosário era muito fiel ao seu Deus, evangélico, congregado da igreja Jesus virá nos últimos dias,  de  família onde sua avó fez fama como mãe de santo maldosa (sic), negou qualquer ligação com o candomblé, dedicou-se a combater a doutrina de matriz africana, tornou-se especialista nas palavras bíblicas, e sua vida era toda devotada aos ensinamentos dos testemunhos divinos, a profissão de policial militar seria o prolongamento dessa missão divina. Foi assim quando foi trabalhar numa cidade do recôncavo, vivia passando mal, dores de cabeças intensas, oscilações de humor, muitas mulheres assediando, ele detestava aquela terra que parecia a África e seus vodus e inquices.
Certo dia numa blitz, ele parou uma moto, era um reincidente traficante, encontrou algumas poucas gramas de maconha, seu parceiro pediu um trocadinho pra liberar o boyzinho, afinal, era uma bobagem o moto boy poderia alegar que era usuário. Rosário abominava  suborno e reincidentes, mas entendia que logo ficaria manchado na roda com os colegas, não se opôs  à negociação do colega com o "traficantezinho, maconheiro".  Manteve-se calado, revoltado. Concentrou-se, pegou a sua bíblia, e pensou: se cair em Apocalipse, Jesus deseja  o fim!
.Após o moto táxi dar um trocado e se comprometer em pagar pedágio semanal, Rosário sacou a arma e disparou um tiro letal, bem no meio da testa do jovem e promissor traficante, um silencioso e certeiro projétil, como flecha de Oxossi. 
Houve silêncio e sangue, Rosário não se explicou, o parceiro não teve coragem de perguntar.
Como acontece sempre nos telejornais de açougue, foi noticiado que moto boy traficante com quilos de maconha tentou reagir a ação policial. Rosário naquele dia sentiu a significância da sua fé e da sua profissão, sentiu o gozo da justiça, e  seria o servo fiel do senhor “Jesus dos justos”, a sua principal missão seria fazer do seu oficio,a pratica de um lavrador que protege a plantação das ervas daninhas ...(continua)

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