É em Cabuçu que mora meu preconceito!

Um final de semana,foi o tempo para que colocasse todos os meus preconceitos para passear descaradamente,meu discurso "LIBERTÉ,EGUALITÉ e FRATERNITÉ"não sobreviveu ao verão em Cabuçu.Carros posantes com musiquinhas infames,pilotados por "marginais"-preconceito numero 1,classifiquei na minha linha preconceituosa que todos proprietários de veículos que tinha como HIT PARADE musicas depreciadoras e que estão num volume com mais de 120 decibeis,como traficantes,puxadores de carros,torci o nariz,olhei de soslaio e falei muito mal mesmo.Casais com mais de 65 anos namorando na praia-preconceito numero 2,quando vi um "velhinho" atrás da "velhinha" apoupando seus "peitos murchos" e falando coisas no seu ouvido,me deu uma repugnância inexplicavel,eu e eles no mar,platéia do sexo da terceira idade,pensei na minha avó,foi aterrorizante para mim,o amor dos velhinhos me ofendeu,feriu,a tal ponto de me retar e me colocar pra fora do mar.Admiro quem tem suas gordurinhas,celulites,estrias e todos os estigmas que a moda condena,e que mesmo assim coloca seus micro biquinis,acho o maximo da liberdade e atitude,mas não aceito mulheres dançando "me dá a patinha" para UNS pagarem cerveja,fico indignada,virada nos pentelhos de Judith,agora como é que pode uma dança,executada por uma criatura que não conheço,sendo patrocinada por homens que jamais vão participar da minha vida,provocar tanta revolta?-preconceito numero 3.Num domingo uma amiga mencionou que poderiamos sair para conhecer alguns rapazes,na falta de juízo,ela enxergava homens interessantes,categoricamente responi:-Sai de retro satanás!a possibilidade de ser piada quando "meu futuro ficante" aparecesse nas páginas policias me apavorava,porque todos que estavam ali,na minha visão contaminada ,eram provaveis marginais-preconceito numero 4.Estou sofrendo,revelou-se um lado que não via,o meu discurso sempre foi anti preconceito,livre,não sou,tenho amarrás sociais ridículas e não sei como desata-las,ver o Cabuçu que veraneava,acabar,transformar-se em montanhas de lixo,ajuda a me trançar e reforçar os nós,perceber que a juventude está adoecendo em doses paulatinas de "cocas e crack's",apertam e fazem que os nós fiquem cegos,porem,o que mais me deixa infeliz é saber que mora em mim,o que há de pior em ser humano,o sentimento de se sentir superior.Talvez os marginais achem minha musica coisa de "viadinho deprimido",ou os velhinhos que fazem sexo na praia,me achem uma puta vulgar,porque uso um biquini "todo enfiado",será que a mulher que dançava por umas cervejas,entenda meu discurso feminista com coisa de "sapatona",e o rapaz que digo que vai aparecer nas páginas policiais,diz que sou mais uma "Maria Gasolina"atrás do carro dele.Sou como todos que apedrejo com meu preconceito ,não sou divina,não sou privilegiada nesse país injusto,estou longe de ser,tenho um emprego escravocrata,dependo do transporte coletivo,da saúde e segurança publica.Caminhar pela vida é assim,ver,saber quem és,com todas as virtudes e vícios(ficou bem católico isso!rsrs),certemente me entender falível e tola,permita achar o equilíbrio,olhar o próximo com compaixão e respeito é abastecer essa caminhada com água fresca,talvez Cabuçu seja uma boa escola...