Estive vestida de preto,acordava e dormia trajada de luto,havia uma tristeza que deveria abafar,neste meu momento manifesto negro,não havia sono,coisa muito comum,entretanto voltei a olhar para o céu,cheia de infelicidade.Foi na madrugada que decidi acabar com meu luto, o céu que determinou o fim da tristeza,nascendo todo em tons de rosa,magenta,silencioso e soberbo,ele me mostrou com tanta lindeza sua indiferença ao meu sofrimento,coloridamente essa coisa infinita e magnética me fez feliz,a ultima vez que vi o nascer do sol tão lindo assim foi no meu ultimo veraneio de adolescente.Um presente para curar dias de dores,espirros e choros.Saí pra receber a manhã parecendo D.Raimunda(uma maluca que fica na praça),abri todas as portas e janelas,reguei minhas plantas. Senti falta de meus meninos,estava sozinha,pensei um monte de bobagem boa,daquelas que a gente fica achando que pode vencer os imbecieis,egoístas e fingidos que andam por aí disfarçados com seus títulos.
Vaidosa não podia deixar o céu tripudiar de alegria sobre mim,tomei um banho deliciosamente frio,me lambuzei de essências,me vesti do meu melhor rosa também,fiz um bocão e fui trabalhar nutrida com um tipo de esperança ,acida,desconfiada e maliciosa,mas cheia de confiança,positiva,de que mesmo com tantas desgraças,mesmo vendo o domínio do mal cada vez mais presente,ainda sendo uma espalhafatosa,falastrona e chatinha,estou disciplinando essa coisa veloz que sou,sofrendo em ter que silenciar,como diz Tom Zé”Aprender pra parar de apanhar”.
E essa cor que o céu me mostrou,me dar uma coragem pra acreditar que o caminho que escolhi é o correto,mesmo com esse meu corpo sobrepeso cansado e esta cabeça cheia de bobagem e excessos.
E eu quero ser feliz sem ferir ninguém!
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