terça-feira, 10 de março de 2009

Quem roubou nossa coragem?

Minha Tia Naninha me apresentou muito cedo como se pode mobilizar a juventude através da Escola.
Era o tempo da SELIBASA, naquela época assistia com olhos de infância o Teodoro Sampaio ferver arte, apresentar uma leva de jovens talentosos e articulados, profª Virginia Monteiro montava peças maravilhosas ,lembro-me bem de Morte vida Severina, onde um de seus alunos havia ficado famoso, alem de lindo, um show de artista , com doses picantes de político.
Mesmo criança  entendia que ali naquele rapaz estava legitimada uma mudança, que a velha escola da política de cabresto da minha antiga cidade estava com seus dias contados.
Esse rapaz cheio de poesia, não apaixonou apenas a criança que eu era, apaixonou a minha cidade, velhos, adolescentes todos se rederam ao seu discurso, estava diante da renovação.
O sistema é bruto,  a treva nesta época prevalecia mais do que a luz.
O rapaz tão talentoso, que representava o divisor de águas da minha desgraçada cidade, foi seduzido pelo mal, tornou-se vereador, muito bem intencionado, mas perdido entre promessas assistencialistas, carisma irresponsável e dividas. Comprometeu-se, teve que rezar a cartilha:
-Eu te apoio prefeito em tudo, se você empregar meu pessoal. Minha dignidade tem preço,vamos negociar!

Uma decepção... primeira decepção política!
Eu nem votava, mas foi decepcionante ,a partir daí ele jogou em mim a plantinha da maldade,  não deveria confiar em políticos, não misturar arte com politicagem, isso geralmente traz sofrimento.
Na realidade esse rapaz deu a maior lição política de toda minha vida,a de me negar a votar no grande e histórico político, corrupto que usa das brechas da lei para praticar crimes.
Sempre bati de frente com minha família, que era um curral eleitoral deste político histórico. Dava discursos agressivos, escrachava esta criatura, meus parentes rebatiam apresentando como a Ave de Rapina era bem articulado em Brasília, era o grande representante conterrâneo no cenário político nacional, nada me convencia, simplesmente odiava essa criatura funesta, bem antes do escândalo em Brasília.
Lula foi minha segunda queda por político, nem votava e chorei compulsivamente quando Collor ganhou para Lula, mais uma decepção, posso afirmar que a segunda e ultima, com a diferença que eu ajudei a eleger.
Muitos anos depois comecei a votar por amizade, por projetos realizados, meu voto era como comer chuchu, não fazia mal, no entanto era sem graça.
Sempre acompanhei a política mundial, o tema sempre foi uma das minhas preferências e até bem pouco tempo acreditava que não haveria mudança a partir  da política como engrenagem. Não sei explicar como começou, as vezes acho que por desaforo, as vezes por amor a um amigo ou obra do divino Espírito Santo, uma canalhada,  corja de gente ruim, vingativa, sem compromisso com o ser humano e preguiçosa (a preguiça é uma característica de quem puxa saco de político) resolveu me perseguir.
Decidiram depois da eleição ganha, instalar na minha velha e banguela cidade a ditadura do:

Não vale o quão tu és competente e talentoso, o que vale é a quantidade de comício que você segurou no pau!

Resolveram silenciar, usando do poder de bloquear o acesso, a escravidão do serviço prestado. É ridículo  ter que sussurrar suas opiniões, vigiar as conversa alheias(para salvar sua dignidade). Ver seus amigos murchos e mal pagos, ser humilhado por fofoquinhas e reconhecer muito rapidamente quem é o seu inimigo ou quem venha a ser.
Gente vingativa geralmente é muito burra, não conseguem ouvir, ver, apenas falam, pisam em quem tem boa vontade. Evidente que neste processo todo, já reconheci meu herói,passei momentos de aflição quando senti ele morno, sendo manipulado como fantoche, quando vi ele calado diante do erro, da cultura do nepotismo,  premiação por sobrenome, não por mérito.
Cheguei a me questionar “Quem roubou a nossa coragem?”
Mas a Luz alumiou a consciência de um ateísmo fragilizado, quem é de Deus não é arrebatado, mesmo quando se nega a seguir a verdade (crescer dói) e ele esquentou , rompeu com muita dignidade e poesia. Acredito está presenciando o divisor de águas na historia política da sacro santa e cafona cidade natal, onde o herói é poeta, tem doses generosas de humanidade e não é galã.
Talvez meu herói escolha parar, ele foi tão ferido que pode e tem o direito de dizer:
-Não! Este não é meu caminho,quero águas tranquilas,quero conforto!
Como sempre sou muito presunçosa, já estou articulando uma forma de captura-lo para a “Luz da Aurora”, não quero mais votar na duvida, não quero mais paixões furadas, desejo imensamente que aconteça a mudança tão esperada,varrer de vez uma politicagem tenebrosa que impera a mais de 40 anos,ver surgir uma nova política, a da Claridade, solidariedade e do amor.

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