terça-feira, 24 de março de 2009

Memórias e o tempo?

Eu e Maria em dia de festa preparada para ficar mais velha

Maria perdoe a minha falta de juízo e este sorriso forçado...


Saudade da minha infância de menina mimada!!




Quando saí da Babylandia para ir ao ginásio, foi com muita saudade de Tia Mariza e medo daquela escola cheia de gente e corredores,o que mais gostava era voltar pra casa e no caminho subir a ladeira do cemitério com alguns velhos amigos do primário e novos amigos do Fenelon,íamos catar araçá e procurar jazigos de parentes,ficava muito decepcionada pois no jazigo perpetuo da minha família só havia um tio enterrado,achava que minha família era imortal ou imune ao tempo.Minha Avó tinha o habito de reunir todos na mesa oval de laminado azul com cadeiras giratórias,ela determinava o lugar que cada um sentava,como ela era a rainha e eu a princesa sentávamos na cabeceira,antes de sentar à mesa Nilza Morcega(minha babá)me dava banho,o meu primeiro ano de ginásio foi o ultimo de Nilza Morcega como minha babá,casou,voltou pra roça,mas todo final ou inicio de mês me visitava trazia tapioca e bejú,que até hoje não consigo viver sem comer.
A nossa casa era enorme ,morávamos eu,minhas primas,minhas tias,meu tio Nélio,Jaime(que até hoje não entendo se é meu tio),meu Pai ocasionalmente,dormia na mesma cama com minha avó,nosso quintal era gigante,não esqueço das noites em que dava PREGO(queda de energia)e minha tia Célia levava todos nós(crianças)para o bananal,iluminado por lanternas de lata de leite ninho com velas e contava historias de assombração,todos dormiam cedo,menos eu,que( dizem) tenho insónia desde bebe.
Minha avó todos os anos no meu aniversário (e outras datas comemorativas )colocava uma toalha de brocado lindíssima na mesa de Jacarandá,minha tia Naninha quando trabalhava na prefeitura mandava D.Noelia confeitar,depois que saiu ela mesmo confeitava,os aniversários era um acontecimento,Jaqueline sempre ao meu lado,tínhamos que esperar meu pai chegar,todos as lembrançinhas ficavam em cima da cama,minha avó não deixa em hipótese alguma abrir ao receber,só abria depois que todos os convidados fossem embora,que tomasse banho e rezasse,todos os anos brigava com minha prima Mirian.
Sempre fui muito brigona,mas não uma brigona qualquer,era uma criança extremamente tímida e quieta,só que não gostava de brincadeiras ou pirraça,meus primos Piço e Luis Fernando adoravam me abusar, porque eu era muito dengosa,o alvo era meus gatos,faziam musiquinhas,colocavam apelido em mim,sempre as 19:00 horas ficava esperando meu pai no rol pra fazer queixa,meu pai batia neles,eles por vingança no outro dia tornavam a me chatear.
A maioria das vezes brincava sozinha,só gostava de brincar com a turma quando íamos para o terreno de D.Guiomar fazer piquenique e caçar Joaninhas,era muito respeitada pelos meus primos porque era a única que sabia desenhar,minhas primas me achavam muito chata porque eu era muito comportada,não estragava minhas bonecas e tinha mania de brincar de escolinha.Foi quando entrei no ginásio que dei a primeira surra em minha prima Jaqueline(Mirian perdi as contas)mesmo assim não deixamos de pular fogueira e nem de me fazer de segura vela pra ela poder namorar,depois de minha avó ,Jaqueline foi a mulher que mais me amou,era tanto o nosso amor que eu sonhava todas as vezes em que a vida dela passava por momentos de transformação,foi assim que fui a primeira a saber da sua gravidez e a vinda do meu primeiro afilhado.
Meu primeiro beijo foi nesta mesma época pagando ABC ,foi defronte a Telebahia,achei um nojo,detestava o menino que subornou minha prima pra poder me beijar,depois deste beijo,enchia o saco indo em Monga pra poder beijar.Era ótimo Ailton Jr. no aniversario dele interpretando Monga,Ailton é meu primeiro amigo (e ao contrario de mim consegue se dar bem com loções para rosto da Avon),a família de Ailton é um prolongamento da minha família,nos conhecemos no maternal.
Tanta coisa aconteceu no meu primeiro ano de ginásio, comecei a xingar,fumei por curiosidade e detestei,comecei a fazer discurso e perdi a timidez. Hoje em mais uma noite insone,sei que minha família não foi imune ao tempo,o jazigo perpétuo está cheio dos meus. Minha avó, Jaqueline, Naninha, Piço, Tio Nélio, Tio Hélio, Meu avó Ladú, Tio Tonho Cacete, Nilza Morcega vi o tempo levar,os acontecimentos que reuniam a família não eram mais os aniversários,eram os velórios, muitos doeram e dói até hoje,outros deu até pra rir,engraçado vê as fotografias com meu pai e ele falar,esse se fudeu(morreu).Encontrar o menino que era o mais bonito do colégio e ele estar enorme de gordo e muito feio,vê minhas primas todas com os cabelos alisados e com filhos crescidos,Elias(meu afilhado)morando em São Paulo e quase casado.Lê a redação do meu filho mais velho me descrevendo,como uma mulher tão forte e perfeita ,que eu não reconheço em mim.Lembrando de minha prima de Feira de Santana,falando que depois que a gente faz 15 anos,dorme e acorda com 30.Dizem que só existe um tempo,é o presente,mas gosto muito de olhar lá pra trás,pra casa da Estrada dos Carros,sentir o cheiro do bolo de Nani,lembrar do povo sovando a massa do vatapá no pilão,quando minha avó assava a castanha do caju, das trezenas de Sto.Antonio,da musica de Caetano aos domingos,dos veraneios em Bom Jesus, meu primeiro amor que começou na porta da escola e foi parar na porta da minha casa,meus primeiros alunos, meus casamentos.
Presentemente sei que o Tempo está me levando para lugares misteriosos,mas não posso reclamar do que passou,fui muito amada e sou por todos que realmente amei e amo, isso nem o Tempo,esse tão belo, voraz e impiedoso Senhor pode me tirar.

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