segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ah essa coisa de viver tão incompleta...

Depois de ficar mais do que cansada preparando uma ceia, desnecessariamente sofisticada a pedido do meu filho mais velho. Resolvi escrever sobre resoluções para uma nova fase da minha vida, que já iniciou e certamente não terminará em 2012. Não importa mais os meus lamentos sobre o quanto essas celebrações de final de ano são luxuosas e fúteis. Continuo gastando indevidamente com roupas, endividada, sentindo muito pelas pessoas e sem tempo para as que de fato são importantes e que me “toleram” com muito amor.
Portanto minha primeira resolução é dedicar mais meu tempo às pessoas que de fato me amam, como sou. Falastrona, cheia de ideias, defensora ferrenha do que acredito. Mesmo sem concordar com uma vírgula se quer do que digo, gostam de mim, da minha presença. Entendem que vivo um processo de libertação e que um dia desses vou acertar na medida.
Pretendo me livrar da convivência de gente morna. Que fica indignada na hora do almoço, mas sonham em tomar prosseco(champagne é mais caro para a classe média) na França e se relacionar com famosos e afins. Fazendo criticas ao sistema, mas o limite apita quando são convidadas a participarem de qualquer ação onde a baixa renda que não usa perfume importado esteja envolvida.
Quero andar, conhecer os lugares, as pessoas, aprender com estas e colaborar. Quero conhecer Santo Amaro, conhecer o recôncavo. Conversar muito mais com João de Moraes, esse menino heróico e generoso.
Desejo paz para estudar, ler, devorar o mundo com os olhos. Calar e escrever nas páginas dos livros, para que meu filho Thiago possa compartilhar sobre as minhas impressões e escrever para que meu filho e seu irmão Gustavo possa entender que somos contemporâneos ou não, bebendo da mesma fonte.
Espero ser contaminada por gente boa. E entenda onde tudo termina, no portão da minha rua. Não quero frequentadores de conveniência. Meu lar é meu templo.
Aprender que as pessoas são autônomas para irem embora. Seja à francesa, ou de forma cruel. Sim, a maledicência não vai acabar. É preciso entender isso o quanto antes, para que a perda, a ilusão seja encarada com humor.
Tempo para as limpezas da alma. Para cultuar a minha ancestralidade e defender com ciência branca, as politicas para @s pret@s.
Saber que a/o outra/o tem seu tempo, cada um/a os tem diversamente do meu. Saber respeitar o momento exato de conquistar e não invadir. Nada mais lastimável do que entediar as pessoas.
Cuidar de mim. Se  estou preocupada comigo, estarei cuidando do/a outro/a.
Envelhecer com dignidade e tratamento adequado para a pele.
Tentar pintar a minha vida com cores em tons de lavanda. São discretos, portanto elegantes e não vão me enjoar tão facilmente.
Gostar de ficar comigo. Eu comigo mesmo, não seria egoísmo. Dou a isto o nome de auto conhecimento e fortalecimento acerca do meu pertencimento.
Sou uma pessoa linda, que me vejo com muito respeito pelo que me construir. Mas não estou e nem estarei completa, o meu caminho ainda está sendo trilhado. Às vezes com tamanha violência que vou arrancando tudo, ervas daninhas e curativas também. Porem gosto do que vejo, da minha trajetória. Não sou uma vencedora, o conceito de vitória para mim não é esse que a nossa educação nos condicionou. Sempre obter vantagens, ser linda e influente, ou até mesmo como diz meu pai: Gozar com o pau dos outros!
Que neste futuro que se descortina para mim. Possa continuar afirmando que quero mudar o mundo sem ferir ninguém. E se eu feri, que eu saiba pedir perdão. Entretanto que tenha armas e antídotos para extinguir sem remorsos quem tenta matar o que sou.

Que a vida seja leve para que a gente reconheça o instante em que se é feliz!

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