quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Resoluções de ano novo!


Estou me desnudando de todas as praticas sociais que considero desnecessária. O desnudar é equivalente ao praticar desapego, gosto de ficar nua. Então essa terminologia emoldura  melhor minha nudez do corpo e da alma. Muitas vezes bato tanto no velho sistema, que pode parecer que tudo que há nele para mim é descartável. Existem coisas que a humanidade inventou que acho divina. A Fé é uma dessas manifestações divina da humanidade. Essa capacidade que temos de acreditar, devotar, sobre todas as coisas no outro, mais até do que no “mistério”, é de uma grandeza imensurável. A fé de que se pode chegar onde tudo é incerteza, porque se formos racionalizar nossas ações, veremos que nem existe o futuro. Esse tempo, o futuro, é um milagre cotidiano, pois, neste breve momento, o futuro está sendo ceifado de uma maioria. Então se você tem fé no futuro, és uma pessoa sem razão, que bom!   
Fomos educados para sempre andar e procurar com/a razão. Até gosto de Rousseau, dentre os iluministas (a educação da Sofia é um erro ), mas o bom senso do qual ele nos apresenta é algo que eu não quero ter jamais. Gosto é do acaso, do inesperado, do que recebo sem pedir. Divirto-me com esses lideres que sempre falam: ”Planejamento acima de tudo!”. A única coisa na vida que dá pra planejar é como vamos gastar ou poupar o dinheiro, no mais, tudo é casual, e se não for, será sofrido. Vejo os atletas de alta performance, treinando, e como dizem os repórteres esportivos, superando seus próprios limites. Mas dentre muitos e tantos só 3 chegam  ao podium. E a ação dos impactos dos movimentos ilimitados sobre o corpo limitado? E a lesão causada pelo uso do medicamento para ganhar massa muscular mais rapidamente? E o acidente? E o atraso do transporte? E a falta de patrocínio? E a acusação do exame anti dopping? E o medo? Parece-me que é bom planejar: qual profissão exercer, as férias naquele lugar, o carnaval, a festa de aniversário, o dia do nascimento do filho, o carro que vai comprar (este é bom planejar mesmo) Já adotei a projeção “Onde quero estar daqui a cinco anos?” Fazia uma lista de coisas, objetivos, cifras, príncipe encantado, mudar de cidade, tipo de pessoas que queria conhecer, emagrecer, ter mais tempo para a família, tratamento estético, ler aquele badalado livro. Foi bom, mas uma  fraude,nem cheguei aos 40 % dos itens da minha lista de resoluções,a ultima lista que fiz,coloquei na porta da geladeira,como me sugeriu a revista “Claudia”. Só que tem uma coisa no “viver” que o tempo nos ensina, tudo isso é uma bobagem, inutilias. As melhores coisas que  ganhei e experimentei, foram as que não planejei. Os grandes amores, meus filhos, meus amigos, meu trabalho, meu curso de Gênero e Diversidade. As melhores festas, as mais proveitosas e divertidas viagens, foram as que nem sonhava fazer. Continuo ritualmente escrevendo sobre minhas resoluções de ano novo, planejando-as. Se existe um personagem que possa me definir a grosso modo, seria Emilia a boneca de pano:
“Mas a partir do momento que começou a andar Emilia tomou uma pílula e tagarelou, tagarelou a falar [...] a cada história ela tem um plano, inventa mil idéias, não entra pelo cano!” 
Considerando que essa foi a  primeira musica que cantei para um publico, diferente do  meu pai.Ainda tem o nome em  feminino do personagem que detém o poder que Rousseau criou para servir de modelo na educação dos meninos, o  Emilio. Que gostosa coincidência!
Tenho tanto a agradecer por estes últimos dois anos, foram “surpreendentemente” maravilhosos. Sempre pode melhorar, estou longe de ser uma pessoa que se considera realizada. Será que isso existe? Fico pensando se não é boa essa coisa de ficar insatisfeita, num país marcado por injustiças sociais? Tenho metas sim, ridículas até, ainda estou em processo de nudez. Conversei com Deus, ele sabe como estou tão enxuta nos meus pedidos e acredito que ele fique até orgulhoso do que ele anda fazendo comigo, afinal, me viu aos prantos pedindo ajuda, hoje ele me ouve agradecendo.

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