sábado, 30 de maio de 2009

A amante...

Gabriela estava dormindo quando recebeu o telefonema dele...

Talvez a alguns dias atrás ficaria muito feliz com esse tipo de contato, mas além do sono perdido, havia nela o grande sofrimento que abate os que cometem erros que não conseguem solucionar. Ele era o “erro”
Um equivoco, uma mancha que ela não conseguia apagar.

Para ele era muito fácil ser casado e ter outras mulheres, existe uma qualidade nos homens de classificar as mulheres em categorias:

1º O grande amor:a esposa.
2º A do próximo: a esposa de algum amigo.
3º A sonho de consumo: a que alguém quer comer e ele chegou na frente
4º A que é pra relaxar: uma qualquer que ele não precise dar prazer, que possa sair correndo e ir pra outro lugar(que seja longe dela,óbvio)

Estava confusa sobre qual das duas ultimas alternativas cabia a ela, nos raros momentos em que ficavam juntos(sempre quando ele queria),antes do” ato”falava da beleza dela, depois de consumado dormia ou saia as pressas. Isso fazia com que ela ficasse cada vez mais vazia, existia um sentimento de culpa que feria.
Mas nada pior do que no dia daquele telefonema que a fez acordar. Ela viu O Erro muito feliz de mãos dadas com sua esposa, o casal ostentando uma barriga gestando o fruto do amor verdadeiro, papai e mamãe tão orgulhosos...
Isto não deixou a bela com raiva, mas com vergonha, sentiu-se imunda por estar maculando tão contente família, foi naquela visão da felicidade que decidiu silenciar e tentar acertar o prumo, sabia que sentimento que nasce condenado é melhor ser executado antes que finque raízes, porque inevitavelmente abalam e destrói sem piedade. Lembrou do que um amigo( falecido) certa vez disse a ela:
-É preciso cortar cabeças sem piedade, para que coisas grandiosas possam acontecer!

Sentiu náusea a ouvir a voz do Erro no telefonema, não foi por roubar seu sono, mas pelo timbre confuso e ébrio, sentiu nojo de si.  Pela imbecilidade de se apaixonar por pessoa tão dissimulada, que esfrega o grande amor na cara da puta-otária no horário nobre e deixa as migalhas para o deposito de “esperma” no corujão da madrugada ou na sessão da tarde.

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