quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A barbárie pagodeira que coloca a mulher no chão!



"totalmente sujas de sêmen". "Minha saia e meu rosto estavam cobertos de sêmen. Eles fecharam a janela do banheiro e um deles cobriu minha prima com um lençol para que ninguém visse o que estava ocorrendo. Não tive como reagir. Seguravam minha cabeça no espelho e diziam que era pra eu ficar olhando", falou uma das vítimas. Quando terminaram, ainda falaram 'não esqueçam de tomar a pílula do dia seguinte' para mim e para minha prima", continuou a garota.
Karla Silva -28/08/2012 - 15h05m
Não acredito em nada disso, essas meninas só querem ganhar ibope encima da miséria dos outros. Tantos fãs no local e justo as bonitinhas entraram no ônibus, são duas oferecidas isso sim. Se estavam lá é pq sabiam o q iria acontecer, foi tudo premeditado rpz, creio q n foram forçadas a nada e se gritaram tanto, onde estavam as pessoas nessa hora q n ouviram nada? Se rolou algo mesmo, com certeza foi com o consentimento das duas. Uma delas dando entrevista, disse bem claro q o cantor Eduardo Martins (Dudu) não tinha participado de nada, disse também que chegou a agredi-los para que parassem, depois veio com outra historinha dizendo q Dudu abusou da amiga e q não pôde se defender pq os seguranças estavam segurando-as. Não ver q essas duas só querem se aparecer? Viram o q rolou com a Bronkka e Fantasmão, quem será a próxima vitima??
Os depoimentos acima transcritos refletem o quanto o projeto pedagógico misoginia deu certo, são falas de meninas  baianas vitimas do que hoje ganha uma nova roupagem do que segundo alguns teóricos (homens) dão o nome de Estado de barbárie. Na barbárie a mulher começou a ser tomada       à força,  ser espancada,  servir como escrava e propriedade privada pelo e para o homem. O que trago a reflexão neste espaço (que é meu) é o fato da violência apresentar faces tão dispares mas igualmente cruéis, meninas que não sabem identificar quando estão sendo violadas,  que  exaltam estupradores e assassinos de mulheres. O depoimento das estupradas tem muito de terrível, entretanto, poderia servir como exemplo de libertação e cidadania, se vivêssemos numa sociedade onde a mulher não fosse apenas uma "coisa" do homem. Mas numa "triste Bahia" pagodeira, a coragem dessas meninas, que vivem numa cidade do interior, é bom destacar esse fato, por ser este Estado um espaço geográfico onde a bunda é cantada, arrastada, esfregada no chão como um instrumento de limpeza do espaço publico e doméstico (os pagodeiros adoram frases onde utilizam como pano de chão, a bunda e a xereca, sempre são um tecido que serve para este fim, limpar o piso do homem, nas letras infames dos pagodes).  Neste momento as meninas estupradas, estão sendo massacradas por uma cidade, onde impera o sexismo, classismo e racismo, porque é assim, numa Bahia onde as pessoas pouco se interessam por poesia, onde um menino analfabeto funcional, que nem numa filarmônica pisou os pés pode de uma hora para outra ser sucesso, como musicas e dancinhas desgraçadas, onde todxs altamente drogadxs (entre álcool e outras coisinhas sintéticas) aclamam esse povo como artistas. Sempre nestas festas tem umas mulheres, tingidas e voluptuosa, dançando até o chão o sibilante movimento do objeto de limpeza, para higienizar o caminho desses hominhos dançantes. Evidente que no pagode não existem mulheres cantoras ou que compõe coisas que possam falar sobre o quanto desgraçado é o homem. Aqui a misoginia deu certo mesmo, a ponto de todo uma sociedade condenar as roupas das meninas estupradas, a entrada destas no ônibus. Agora vejam a esquizofrênia desta mesma sociedade, ficam meses aclamando essas desgraças de pagodeiros, fazem uma campanha em toda cidade para venda de ingressos, as rádios só tocam essas misérias, o comércio patrocina o evento, investe nas vendas de roupas e sapatos para tal, a turminha mais descolada e "riquinha" sempre são dos sons de pagode em alta, financiados pelo papai de classe média. Uma sociedade onde é muito comum todos consumirem muito álcool em nome da alegria, porque o que ouço e vejo entre os jovens é como a festa foi "de fuder" pela quantidade de bebida alcoólica que ela  proporcionou, quem na Bahia aos 16 anos  não frequenta festinhas de galpão e  não bebe cerveja? As filhas das professoras , dos politicos, dos médicos, dos comerciantes, dos advogados, todas bebem e tem seus dias de coma alcoólicos, mesmo com os cabelos escovados, unhas super bem feitinhas e semana trabalhada nas academias, então condenar essas meninas pela conduta social é terrivelmente imbecil. Escolas infantis adoram colocar na sua "play list" a misóginia para as meninas descerem até o chão, e aos domingos todo mundo em casa, regado a muitas "brejas" acha bem engraçadinha e talentosa a menininha que "coloca a mãozinha no chão e bota o bumbum para o alto" Não pretendo fazer uma analise feminista, mas esperar que os homens que cantam e dançam pagode sejam inocentes, é de uma burrice... tenho a impressão que por aqui, assassinos, corruptos e estupradores são crianças inocentes, pois sempre vejo uma maioria sair em defesa publicamente, seja em sites ou nas ruas. As meninas estão sendo duplamente estupradas, alias, essas meninas estão sendo assassinadas pela sociedade baiana de milhões de pagodeirxs, inclusive criminosos estão divulgando a imagem delas, coisa que é por si só ilegal, por se tratar de duas menores. Agora, entre todas as violentadas, essa Karla é que mais me assusta. Uma mulher quando estuprada, e este  estuprador não é punido, significa que todas as mulheres foram estupradas também.  Legitimar estupro, por ser cometido num espaço, ou a justificativa desta legitimação ser as vestes ou horário que a vítima se encontrava no espaço, mostra o grau de barbarie da nossa sociedade. Espero que a lei  e a interpretação desta esteja ao lado destas meninas, e que essses desgraçados estupradores fiquem na cadeia, e morram por lá, sou radical mesmo, eles tiveram chance de dizer não, estavam no lugar de privilégio. O que me deixa profundamente triste é ver que a Bahia não respeita suas mulheres como pessoas de direito, estamos muito proximas às mulheres do oriente médio, e isso não é exagero, somos coisificadas pelo sistema. De fato avançamos no que tange as leis, mas continuamos nos cárceres sexistas dos meios sociais. Na rua ainda somos uma coisa pronta para ser usada, ou somos putas, ou somos santas, as putas morrem nas vias publicas, as santas morrem no lar.
Queria estar exagerando neste texto, mas a ciência branca me fundamenta em estatísticas. Tenho que aclamar as meninas que tiveram a coragem de denunciar o que aconteceu no ônibus dos desgraçados, e que eles não tenham amigos políticos que possam estar limpando as provas do crime e condenando essas garatos por injúria e difamação, 10 homens e nenhum deles partiu em defesa dessas meninas, ou até mesmo teve a consciência de dizer não, é muito cruel, é a certeza da impunidade e o despreso total pela mulher!

5 comentários:

jair machado rodrigues disse...

Li uma materia sobre o abuso, e acho desprezível este tipo de crime, covarde, animalesco, triste para nós humanos que nos dizemos evoluídos...Genial o texto, não fosse a tristeza do tema. Parabéns, se as mulheres tiverem atitudes como a tua na vida, mesmo de denúncia, nesta nossa sociedade machista, algo estará sendo feito, alguém estará sendo alertado, alguém, de alguma forma se sentirá fortalecido para não calar mais com este tipo de crime.
ps. Meu carinho meu respeito meu abraço.

Unknown disse...

está dando o que falar isso hein! que isso sirva de lição pra todas as meninas vislumbradas por essa mídia que deseduca. que sirva de lição pros pais tb, pois não existe entretenimento popular que eduque ninguém nem no brasil nem no mundo. os caras da banda em suas músicas deixavam bem claro o que aconteceria com qualquer mulher que procurasse sexo com eles. essas garotas nada inocentes, ao meu ver quiseram sim cair na geral, pode parecer assustador mas isso obviamente é corriqueiro em festas de pagodes e bailes funk. vulgar, deprimente, mas fazer o quê? iniciativa foi delas, algo não as agradou e a culpa inteira pesou praquele bando de moleques. particularmente estou satisfeito com a lição que cada lado levou. o ocorrido poderá forçá-los a ser mais profissionais e a elas fica o trauma de pensar duas vezes antes de se ofereceram pra um grupo moleques.

AmandaP. disse...

Depois de tantos absurdos, lidos e ouvidos, diante desse fato cruel e criminoso... O seu texto, atiçou um pouco da minha esperança para com o mundo... Me fazendo então refletir e lançar a pergunta: "será que o mundo ainda tem jeito?"

Fafá M. Araújo disse...

Foi o texto mais coerente que li. Dentre tantos absurdos que já vimos uma dose de criticidade responsável faz um bem danado. Infelizmente o texto fala do nosso cotidiano. De quanto meninas baianas são escrachadas e violentadas por essa sociedade falida, fálica, racista e misógina.

Eu não sei mais o que poderá vir por ai, pois o que chamávamos de absurdo já se tornou normal.

Bem vindo à Terra da Alegria onde os homens fazem o que quer com conivência do estado.

Jeferson Cardoso disse...

Se me permite dizer, tenho horror aos que participam dessa cultura bizarra de idolatria que cerca o setor do entretenimento popular. Tudo que advêm é consequência de um complexo sistema de alienação consumista. Já que mencionou, penso que, adultos que acham graça em crianças que imitam comportamentos insinuantes e vulgares são uns pervertidos em todos os sentidos. Depois acontece de as meninas acabarem indefesas e em situações degradantes por não dimensionarem até onde e por quem são consideradas como seres humanos de verdade e não animais irracionais. Quem se aproveita da posição de privilégio para abusar dos que estão abaixo é pior que um bárbaro. É mais vil, ardiloso e desprezível. Lamento pelas mulheres que ainda sofrem com isso. Lamento pelo episódio das meninas baianas.

Abraço de Jeferson do jefhcardoso.blogspot, ao seu dispor.