domingo, 5 de dezembro de 2010

Diário de Amapagu viajante-Rio de Janeiro-cafona e chic !


Estive muito cafona esses dias. A cafonice é muito grosseira. Geralmente a cafonália se exibe com relatos das façanhas. Quero dizer a dos outros é sempre melhor. Coisas do tipo,comi em tal restaurante da moda,fui pra tal show,conheço o primo de tal artista,conversei com tal político,comprei uma calça tal. Não fiquei totalmente assim, mas o Rio de Janeiro me arrebatou com sua efervescência artística, burguesa e sambadeira. Chego à cidade maravilhosa, quando começam os ataques dos traficantes  contra as políticas das UPP’S. A amiga de Rodrigo citou algo sem muito alarde, diria até corriqueiro o tom de voz. Fui participar de um intercambio entre os países Latino Americanos, que tinha como objeto central o Patrimônio. Esse encontro aconteceu no Palácio Gustavo Capanema, de arquitetura modernista, assinado por Le Corbusier e super visionado pelo renomado Lucio Costa. Tem entre seu acervo peças valiosíssimas de Candido Portinari . Um estilo que  não gosto e que os arquitetos adoram. Fiquei hospedada em Copacabana e foi lá que meu encantamento pelo Rio de Janeiro começou. Um bairro bom pra se viver, com árvores de topo nas calçadas, adornadas por orquídeas, minhas espécies preferidas. Árvores frondosas, catiléias e lélias. É um bairro com uma questão de geração bem definida, existem muitos idosos e eles são joviais, namoram nas praças, usam biquínis, sentam nas portas, fumam muito e sorriem (com exceção de uma Senhora Branca com um cabelo muito bem pintado de Louro, com uma cara “antipatiquerrima” classista e misógina). Fiz muito sucesso com os “velhinhos”, dava muita risada, eles paqueram com o “sotaque” típico, bem malandro. Os edifícios e as casas em Copacabana são de um bom gosto em sua decoração.Existem milhares de antiquários (me encantei com um espelho veneziano, que estava com um preço ótimo, mas com uma avaria terrível que não sei se existe restauro). O sistema de transporte coletivo no Rio de Janeiro, pelo menos na zona Sul é uma maravilha, minha primeira pena da Bahia foi quando entrei no metrô. Limpo, barato e eficiente,sem falar nas pessoas que trabalham, são de uma gentileza e simpatia... Táxi é barato, e ainda tem a conversa enriquecedora dos taxistas, são bem humorados, inteligentes,coisa difícil de  encontrar   em SSA, geralmente estão de mau humor, ou procuram intimidade. No meu ultimo dia peguei um meio chato que começou a falar sobre usuários de drogas e a tradicional família de classe média. Justamente porque depois que comecei a assistir a TV, foi que começou meu medo com a situação de conflito que estava acontecendo nas favelas.Porque em Copacabana e no Centro da cidade,são realidades completamente diversas ao confronto da zona norte. A comida é um absurdo, percebi que o esquema são locais lindos, a comida é um mero assessório, deve ser o conceito burguês até de devorar gente. Não precisa ter sabor, o importante mesmo é ser visualmente lindo, e a confeitaria Colombo é um belo exemplar dessa relação. A comida não é péssima, mas a nossa, do recôncavo é bem melhor! O lugar é lindo, requintado, impregnado de história, mas muito caro para o serviço e menu, mas se você nunca foi, vá. Porem não coma a carne de porco, o sabor é de comida requentada, e nem coma a torta de nozes ( pedi de damasco e me enfiaram esse sabor)é um roubo. Eles usam na cobertura, aquele pó “Royal” para pudim, u Ó! Entretanto, terás a oportunidade de ver um lindo exemplar da Art Nouveau, um belíssimo trabalho em vitral para a clarabóia e lindíssimo mobiliário, não  esquecendo de mencionar no requinte da louça, apesar de uns aparadores de rendas nas cristaleiras, de uma pobreza terrível. Se você pertence a classe média, talvez fique feliz em pedir a cartela de vinhos e peça um espumante francês, eu faria isso na França, mas tem gente que gosta de cafonice e se sente ‘très chic’ em fazer essas coisas. Sempre que me vejo cafona assim,  lembro da minha queridinha Danuza Leão: “se algum amigo seu mora em Paris,e este amigo prepara um feijoada pra te receber por lá.Acabe a amizade!”.Não estou transcrevendo em “IPSIS LITERIS”(aí que podre!) o que diz a Diva da “Chiqueteza”.Com base no que “Danuzinha” diz,faço uma releitura para o Rio de Janeiro . Se você for para o Rio de Janeiro, e um amigo que se diz muito “glam”, porque paga muito num pranto de uma carne com especiaria exótica da Indonésia, num “OUT” carne com luxo qualquer da vida. Saia à francesa, e procure pela Lapa  uma bela feijoada.Uma delícia a que comi no Centro por um preço ótimo,num restaurante  a kilo.

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