Na hora do almoço...* A violência travestida faz seu Trottoir(bussines,bussines)"

Há algum tempo desisti de acompanhar programas de televisão, depois de ver em alguns telejornais edições que tratavam de um acidente terrível de avião como se fossem vídeo clipe, a imagem do choque, os parentes das vitimas chorando, tudo acompanhado de um fundo musical e fotografias dignas de filmes de ação.
Mas casualmente nestes últimos dias de insônia, fiquei entusiasmadíssima com um programa que mostrava uma entrevista com um cineasta ( por pura lerdeza minha) que não lembro o nome, falando da sinopse do seu filme. Trata da violência como um negocio muito promissor na nossa sociedade, o comercio de carros blindados, segurança particular e residencial e uma serie de produtos que a violência faz com que inconscientemente ou por pânico consumimos. A violência e o seu potencial comercial é tão “agressivo”que não precisa gastar nada em publicidade, a toda hora nos maiores meios de comunicação nos melhores horários, está lá, essa industria que enriquece assustadoramente, nem a crise mundial consegue atingir esse mercado.
É um produto tão poderoso que se reinventa a todo momento, as disigualdades sociais, narcotráfico, corrupção, impunidade e a própria cultura, são recursos inesgotáveis, pensemos bem:
A violência é sensacional para se ganhar dinheiro!

O cineasta falava que os grandes empresários que trabalham com segurança privada comemoram quando os índices de violência aumentam, porque aqueles que podem pagar ficam escandalizados com as noticias, e se protegem.
Em contra partida os” invisíveis” que se fodam, a menina que rala a “chana” no asfalto que seja fudida  num vídeo não autorizado, humilhada pra deixar de ser puta. O viadinho que faz faxina seja avacalhado pelos “pseudo-machos”(que deixam esses mesmos viadinhos fazerem boquete e pagar pela chupada) Que o puxa saco fique vigiando, vasculhando a vida alheia e entregue os supostos “conchavos” ao patrão, que as pessoas acima do peso acreditem que a adiposidade seja um desvio de caráter, que as arvores centenárias e saudáveis sejam cortadas por um garoto de vinte anos que já é viciado em crack, que 60% das famílias suburbanas façam cocô em buracos e tomem banho de cuia. Que paguem impostos exorbitantes em suaves prestações, não mereçam um bom dia, por favor e um muito obrigada. Que sejam educados por professores rancorosos. que adolescente continuem trepando sem camisinha e sejam negligentes com suas crias. Crianças sejam abusadas sexualmente e os pais sintam medo da fofoca da vizinha e silenciem.
Alias vamos silenciar, vamos nos trancar, obedecer aos horários dos narcotráfico, temer a policia, não daremos opiniões contraria aos políticos,vamos nos proteger do próximo, olhar a todos com muita desconfiança.
Coloquemos grades com lanças afiadas em tudo, tudo mesmo, na frente e atrás, na boca e no cu.
Vamos construir muros enormes com fios elétricos, matar gatos, passarinhos e o caralho que se atreva a pular o que é nosso por direito, e no final de tudo vamos matar a liberdade, pra quer ser livre?
Ser livre é alem de tudo amar sem medo e isso não cabe nesse mundo de negócios e negociatas.

E a violência na hora do almoço pode até nos fazer ri e achar que estamos salvos!


*Título da musica dos Engenheiros do Hawaii :que equivale dizer que a violência travestida faz a putaria