quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Dos quintos dos infernos, numa prisão para mulheres

Querida professora “Claudia”


Minha história chega a ser engraçada de tão desgraçada que ela é.
Tudo começou numa lavagem da Purificação, quando conheci o infeliz. Nunca tinha namorado antes, veio aquele homem bonito, branco, procurando frete comigo, logo me apaixonei, era meu artista como os das novela. De fevereiro ficou São João e nós lá, junto. Desde os dez anos que eu trabaio nas casa dos outro. Quando conheci o finado tinha 25 anos, era moça, todo mundo achava que eu não ia mais arrumar ninguém, mas sempre fui muito caprichosa, toda vida comprei minhas coisinha, nunca achei certo ser sustentada por home nenhum, sempre batalhei, fiz meu barraco com muito sacrifício.
Comecei a trabaiá em troca de cumida ,fui salva da escravidão por dona.Amélia, uma patroa que tive, gente fina, me matriculou na escola q ela ensinava, a coitada morreu de desgosto, adispois que o marido velho discompriendido, arriou ela pra ficar com uma piriguete.

Por isso sempre falei que comigo ia ser diferente, não ia morrer por sacana nenhum.
Quando o disenfeliz foi morar no meu barraco , minha famia abriu meu olho:
- Ele quer te roubar, tomar seu barraco, ele é viado,  maconheiro, preguiçoso.

Mas o amor é uma desgraça na vida da gente, me cegou, o finado, aquele encosto nunca arranjava emprego, não estudou e só queria emprego de doutor.
Fumava uma maconha lerda, depois começou a usar pedra!
E eu lerda, achando que meu amor ia mudar ele, quantas vezes apanhei calada, porque não queria dá dinheiro, mas ele era lindo parecia um artista e aguentava.
Mas tudo tem um fim!
 A fofoqueira da vizinha começou a me dar uns dichote, para que eu descobrisse a putaria que acontecia quando eu saia pra trabaiá.

Não dei ousadia de perguntar, mas as piadinha da nigrinha não saia da minha cabeça.

Até que o demônio me cutucou e disse:
-Finja q vai trabaiá e fique escondida!

Fui e obedeci ao demo.  Me escondi e vi tudo:
O desgraçado do gigolô dando o cu, isso mesmo Claudia viadando na minha cama, que nem terminei de pagar.
E o demônio também disse:
-Espere ele durmir, pegue o querosene jogue nele, e atei fogo!

E eu obedeci!

Se me arrependo?
Nem um pouco, se fosse uma mulher tudo bem. Mas com viado é vergonha demais pra mim!

Manda beijo pro povo daí de casa, diga que amo eles tudo.

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