quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ah o amor, que coisa chata!



Tem coisas muito delicadas, que atravessam o tempo e continuam com essa característica de fragilidade. Um amigo, que depois de curtir uma paixão por mim (não correspondida), todas as vezes que me encontra faz a seguinte pergunta: “Você tá namorando, pegando ou transando com quem?”. A quase um ano , ouve a mesma resposta. Ele que sempre respondia a mesma coisa, entretanto, quando me telefonou ontem, disparou palavras fulminantes: “Você está deixando o amor passar, o tempo passar, você não vai ser linda eternamente!”. Evidente que dei um ataque, sou uma “menina” mimada e não suporto ouvir certas verdades inventadas, mas me feriu tão profundamente a ponto de não cicatrizar até agora. Sou uma pessoa bloqueada para o amor,não sei como isso começou,lembro que eu amava, amei demais o “outro”, amei várias vezes, pessoas diferentes, em momentos diversos e simultâneamente também(foi?)Ah o amor! Esse amor que a nossa sociedade adora vender, esse nunca me libertou, sempre me manteve em cárceres privados carregados de emoções, impulsos e devaneios. Esse amor propagado nos meios de comunicação, família, religião, escola, que me apresentaram  como o “normal” entre homens e mulheres (nunca me falaram que mulher com mulher e homem com homem pode). Aquele onde  você precisa ser erótica no corpo e santa na convivência social ao mesmo tempo= esquizofrênica, dispara o coração, arrepia todos os pêlos, como nos filmes norte americanos e só acontece uma vez, nunca conheci essa criatura, queria até encontrar, como a gente aprende que o canto do Uirapuru é mágico e quem ouve será feliz para sempre. Ah esse para sempre!Para que essa sentença encantada acontecesse, já fiquei doente, já entreguei minha vida nas mãos de quem nem sabe o que é viver, permiti ser propriedade privada, suprimi meus desejos. Eu que sempre soube que podia voar por um longo tempo me contentei em rastejar, porque  queria conhecer o amor de um homem. Nessa minha busca, fiz muita gente legal sofrer, “pisei sem jeitinho” não percebia que essas pessoas podiam me ensinar muito mais sobre o amor, do que a minha busca insana por ele, essas pessoas, percebo hoje, poderiam me educar  sobre gentileza e tolerância, coisas fundamentais para viver feliz. Já procurei o amor no mais belo, no mais rico, no mais inteligente, no mais talentoso, no mais gostoso, no mais amigo (aff! sempre no “mais” alguma coisa) só não procurei no mais importante, no que é de verdade, negligenciei sobre o que é a minha verdade, o que eu espero de mim, sempre o “outro”, alguém sempre como meu sujeito?Não, eu quero é o poder sou o meu Sujeito, isso não é ser egoísta, isso é transcendência, já me disse Mademoiselle Beauvoir,mesmo se ela não dissesse,chegaria a essa conclusão, tenho a alma desassossegada, não me adapto a sujeição, sou uma rebelde, desde pequenininha, quem mais me amou me educou assim. Talvez meu amigo tenha realmente razão, ele fala de um lugar diferente do meu, inclusive sempre colocou o fato de me achar bonita como minha maior virtude, foi pela beleza que ele se encantou. Posso dizer que amo ele, nessa minha investigação para encontrar o amor, acabei descobrindo o amor dos amigos, o amor pela terra, pelos direitos humanos, pela pequena vida. Não serei hipócrita de negar que sexo e amor juntinhos, é uma das experiências mais deliciosas que nós seres humanos podemos viver, mais nada supera o amor próprio, a capacidade de se libertar e libertar o outro, de se doar sem se ferir, e não sangrar ninguém. Compreender que tudo tem seu fim e principalmente ser feliz mesmo quando se estiver só.  Isso ajuda muito quando  começo a ver a beleza indo embora, ser bela  para os outros exige uma dose de sofrimento,que para mim  neste momento é desnecessária. É meu amigo, provavelmente estou espantando o amor, corrigindo, os homens (eu gosto ainda de vocês)! Veja por um ângulo bom para nós dois, quando o fulgor da lindeza se esvair e nós como bons projetos de intelectuais políticos, poderemos ficar na minha casa tomando um cafezinho (que você ama) com nosso discurso socialista democrático, nossas trocas de figurinhas sobre livros e cinema, sem um marido chato de extrema direita, burguês, com um carro potente  importado(para compensar o “pau” que ele não tem mais)dando porre porque você vive nas portas dos outros.


P.S: amigo sei que você vai se identificar com isso aqui, mas não leve a serio, sou exagerada nas minhas pinceladas. Amo-te e  acho o máximo, mesmo quando você enche o saco , dizendo que vou ficar feia porque sou feminista,confesso você sabe atacar a minha vaidade ! rsrs

3 comentários:

Hesli Fabricio disse...

Eu tenho problemas com o amor...
Não consigo me dedicar a alguem, não gosto de cobranças. Não se eu que não quero ou eu q n consigo.


("Não amo ninguem e parece incrivel, não amo ninguem e é só amor que eu respiro")

Jurandy Boa Morte disse...

SIMPLESMENTE AMEI!!!

Um dos seus mais maduros textos, não que os outros não sejam, mas neste era como se eu disse ao ler "Porra, tem razão!!!"...

"Ah esse para sempre! Para que essa sentença encantada acontecesse, já fiquei doente, já entreguei minha vida nas mãos de quem nem sabe o que é viver, permiti ser propriedade privada, suprimi meus desejos."

AMEI ISSO... Amo muito tudo isso... Precisamos nos ver e vc precisa me devolver o DVD rsrsrsrs. BjãoZÃO.

Jurandy Boa Morte disse...

Ah esse para sempre!Para que essa sentença encantada acontecesse, já fiquei doente, já entreguei minha vida nas mãos de quem nem sabe o que é viver, permiti ser propriedade privada, suprimi meus desejos.

AMEI