domingo, 12 de maio de 2013

Hoje é dia de Maria- Nossa Sra de Todos os Povos.







As aparições da Virgem Maria são fenômenos que não me deixam nem um pouco desconfiada, posto que sou esotérica e acredito na manifestação física do espirito, entretanto essas visitas me assustam porque empregam um tom de tragédia, fim do mundo, fim de religião,  falsos profetas. As aparições de Nossa Sra de Todos os Povos não é muito diferente, ela aparece na capital da Holanda em 1945, o que é inovador nas aparições, pois este país não sofre de pobreza e grandes conflitos, Maria nas suas passagens aqui na Terra aparece mais nas regiões geográficas acometidas por grande pobreza e conflitos políticos  Ida Peerdeman é quem tinha o contato com a Virgem na Holanda, sempre em sua casa. Nossa Sra também apareceu e aparece em muitas casas das cidades do interior do Brasil, aqui em Santo Amaro, ela tem se revelado no distrito do Barro Vermelho (desejo escrever sobre estas aparições), pessoas relatam milagres alcançados nas visitas da Mãe de Jesus.
A visão de Maria segundo Ida Peerdeman descreveu, se deu no céu, uma mulher "branca" com longos cabelos negros, sobre o globo terrestre, com roupa e véus de tonalidade alva, com uma faixa acima da cintura, dando a impressão de gestação, com mãos para baixo, num gesto de quem está aberta para um abraço. Por trás uma cruz de madeira escura e dimensão pesada. Nossa Sra de todos os Povos vai transmitir em suas mensagens o culto aos pés da Cruz (coisa que eu não gosto) e insistente pedido para voltarmos a nossa atenção a juventude, além é claro de alertar para a crise da igreja, falsos profetas, corrupção, o que é desde que a "civilização" é o poder.
O culto a esta passagem de Maria foi autorizado pela Igreja Católica em Maio de 1955, e o chamado é para todos os povos do mundo cultuem essa personificação de Maria.
Não me agrada colocar a Nossa Sra como de todos os povos, já que o mundo é diverso e isso deve ser legitimo, Maria é a grande Mãe do mundo ocidental, mas existem grandes mães que vem do oriente, entre elas as orixás, como minha mãe Oxum, que também nos conta muito sobre ser luz, e que amparam seus filhos e seus povos com muito Amor. Entretanto o mês é Mariano, pois nossa educação formal se confunde com a educação católica e sou a influência desta fusão.
Escolhi Nossa Sra de Todos os Povos para o dia das Mães justamente para desconstruir essa noção padronizada de que Maria deve ser Mãe de todxs, assim como a Mulher tem por objetivo de vida ser mãe. Ser mãe para mim é maravilhoso, mas nem sempre o foi, costumo pensar fazendo uma corruptela a minha papisa Simone de Beauvoir, que Não nasci mãe, tornei-me mãe!
Meus filhos nunca foram resultado de um planejamento, de um desejo enorme pela maternidade, e confesso que ser mãe não é para quem tem "preguiça" pois exige do corpo e mente o tempo todo, ainda que os filhos como os meus sejam SANTOS, porque para me suportar tem que ter muito de santidade. Sou filha de avó paterna, fui conhecer minha mãe aos 18 anos, sempre contei com a ajuda de minhas tias, irmãs de meu pai, minhas primas e babá. Algumas tias eram o verdadeiro satanás em personificação, aprendi desde cedo que o fato de ser mulher, não está "naturalmente" ligado a ser ali um ser de amor, paciência ou tão pouco grande educadora. Como sou de filha de um arranjo familiar que foge do normativo, digo que a minha maior educadora foi minha babá Nilza Morcega, a pessoa que mais me ensinou sobre limites e cuidados pessoais, a mais paciente. Lógico que minha avó Amália é a referencia de mãe mais presente, como Jaqueline minha prima, é a mãe mais amorosa que tive contato, e Naninha quem me auxiliou na falta das duas, e cuidou tão bem da minha primeira maternidade. 
Mas no meu mundo ideal, no meu Anarquismo, essa "categoria" mitificada, que sempre foi utilizada como "estanque" (diria até perversa) para as mulheres, não seria um dia de imagens de flores, ou almoços em churrascaria, sempre detestei dia das mães nas escolas. O dia das mães (segunda melhor data para o comercio) como filha sempre me foi estranho, este dia como mãe, tem outro significado? Sei que como Maria mãe de Jesus a gente começa num sim, da mais pura fé e vê a vida seguir para caminhos totalmente diferentes. Fiz no ano passado a opção de deixar tudo que seria da mulher Amália, para ser mãe, o que para algumas pessoas, depois que passa esse 2o domingo de Maio, não tem o menor valor, pois, a mãe, o ser apenas mãe é algo "meramente" domestico, a casa ainda é a maldição das mulheres, não exagero, basta um pouco de estudo e veremos onde as mulheres morrem.
Em Todos os Povos, seremos nós as "Marias", seremos nós que estaremos agora lutando pela vida de alguém que está no leito de um hospital, porque fez uma farra e dirigiu em alta, seremos nós que amanhã faremos o almoço e a faxina, que estaremos na coordenação pedagógica da escola quando o desempenho estiver abaixo da média, somos as  desesperadas nas porta das cadeias, nas varas cíveis com o péssimo atendimento do judiciário. São as mulheres que enlouquecem quando a pobreza toma conta da casa, somos nós as culpadas, somos nós que sentimos culpa. 
Esse meu texto sobre Maria pode até assustar pelo pessimismo, mas ser mãe deve partir de uma decisão livre, ser mãe não pode vim de uma imposição Estatal, do poder heterocentrico do patriarcado, ou dos diversos gurpos sociais(diga-se, mídia)  que nos educa de forma sexista, onde as mães devem seguir somente um caminho, o sagrado. Precisamos pensar numa nova maneira, onde homens também tenham esse desempenho "materno", onde o ser Mulher não seja uma camisa-de-força para a Beatificação pelo sacrifício, homens, mulheres e outras formas de gente, precisam aprender a dar continuidade a espécie com "Amor responsável", ter filhos não é brincar de bonecas, ou investimento empreendedor, educar uma pessoa é exercício espiritual para aprender a doar, perdoar, renunciar, aceitar, respeitar, ( verbos de 1a conjugação) nem toda mãe aprende sobre isso, nem toda mãe vai parir sabendo sobre, é necessário ter coragem.
O exemplo de Maria é maravilhoso, mas nem toda menina de 14 anos está para Nossa Sra, me apego a Maria bem mais como filha, preciso de mãe que possa ser capaz de fazer por mim o que faço por meus filhos, e tenho na Virgem Maria este conforto. Mas como ser político  exijo que as mulheres sejam amparadas, preparadas para trazerem seus/suas filhxs ao mundo, porque toda forma de vida merece dignidade, e é imprescindível entender que a dignidade não é coisa que se compra e presenteia, dignidade não estar em Poder, dignidade estar na Paz para praticar o Amar. Isso sim é universal, cabe muito bem em Todos os Povos!

Um comentário:

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

"Mas no meu mundo ideal, no meu Anarquismo, essa "categoria" mitificada, que sempre foi utilizada como "estanque" (diria até perversa) para as mulheres, não seria um dia de imagens de flores, ou almoços em churrascaria, sempre detestei dia das mães nas escolas"
muito boa reflexão